Em 1978 o mundo evangélico conhecia o cantor de Recife Jose
Carlos com o lançamento do LP Eu Vejo Deus, que rapidamente
encantou pela voz e a produção da gravadora Canaã, que não poupou cordas e metais ao vivo, fato raro na época com Lps evangélicos.
Com um talento e estilo único, José Carlos imprime em suas canções
um mix de poesia, percepções pessoais sobre a vida, pessimismo e suas críticas
ferrenhas às distorções do evangelho no cenário cristão do Brasil, o que o
levou a receber uma avalanche de críticas.
Foram 10 álbuns gravados: "Eu Vejo Deus", "Philadelfia", "Anjos", "Meditando", "Anestesia", "Homens de Pó", "Tradição", "O Melhor de José Carlos Vol. 1", "Eu Não Vejo Deus", "Olhar Para Cima" e o DVD "José Carlos 33 Anos".
Passados
39 anos José Carlos lança mais um projeto e é sobre isso que vamos falar com
ele e aproveitar para abordar outros assuntos dentro do universo musical e
estrear a Série 10
Perguntas!
Reviva
Gospel – O que levou o José Carlos a música?
José Carlos –
Acho que a própria música. Quando eu era criança ia para a igreja, mesmo a
pulso, forçado, mas eu já gostava de cantar. Só um detalhe: eu era super desafinado! Daí, cantar, de fato, foi depois que me decidi na minha
adolescência e continuei gostando de cantar na igreja e houve um milagre: eu
deixei de ser desafinado – isso é coisa de Deus!
Quando criança ouvia muito Feliciano Amaral e daí,
depois que me decidi por Jesus, a minha influência mesmo, a princípio, foi Luiz de
Carvalho.
Reviva
Gospel – José Carlos, você fez parte da primeira formação do lendário grupo
Embaixadores de Sião. Como foi a passagem por lá e o que isso representou para
você?
José Carlos – Nos
anos 70, tivemos a visita aqui em Recife do cantor Antônio Bicudo que passou
uma temporada aqui. Ele viajou muito, tanto por aqui como por outras cidades,
sempre acompanhado pelo conjunto Embaixadores de Sião. Se vocês lembrarem,
Antônio Bicudo já faleceu e ele era de São Paulo e depois do período que ele
passou por aqui voltou para São Paulo e o Isaac Oliveira, que era o tecladista do
Embaixadores de Sião, me convidou para participar do conjunto; eu aceitei e
fiquei cantando as músicas que o Antônio Bicudo cantava aqui. Foi aí a nossa
participação. Foi um grande marco na minha vida, mas, infelizmente, tive que
sair ou felizmente também, Deus sabe, por que, logo em seguida, eu gravei o meu
primeiro LP "Eu Vejo Deus!" – na época em 1978 - e o Embaixadores de Sião também gravou nesse
mesmo ano um pouco antes de mim. E eu gostava muito de cantar as músicas do
Antônio Bicudo, assim como também no início eu cantava algumas músicas do
Ozeias de Paula. Gostava muito!
Reviva Gospel – Seu primeiro LP “Eu Vejo Deus”
bombou no Rio de Janeiro. Como foi essa experiência?
José Carlos –
Esse trabalho também foi muito marcante, porque tivemos a participação na
direção, na produção, dos arranjos do grande maestro e amigo Jaziel Braga que, além
de grande arranjador, ele deu muita vida às canções. Em 77, participamos
de um concurso pela gravadora Canaã de propriedade do Pr. Aurílo Carneiro da
Cunha aqui de Recife e tanto eu como a Leni Silva tiramos em primeiro lugar, na
época. Daí fomos ao Rio de Janeiro, viajamos bastante, não somente pelo Rio
como também quase todo o Brasil, na época, e nosso trabalho foi muito bem
divulgado através da Rádio Copacabana, através do programa do saudoso Josias
Menezes.
Reviva
Gospel – Mesmo depois de 35 anos, “Philadelfia” continua sendo o seu grande
sucesso. Qual a história dessa música?
José Carlos – O
surgimento de “Filadélfia” foi
assim: fomos ao Rio de Janeiro na cidade de Nilópolis participar do aniversário
do “Coral Philadéfia” da Assembleia de Deus de lá e durante a mensagem que o
pregador falava sobre a carta à igreja de Philadéfia, Deus me deu essa canção. E
sucesso, eu só posso explicar uma coisa: É Deus! Essa música é um mistério em
minha vida, um mistério divino.
Reviva Gospel – Outra coisa, José Carlos, suas
letras não são convencionais. Você fala de situações pouco faladas nas canções
evangélicas e já fez composições um tanto polêmicas (“Cansei de Ser Crente”,
“Sepulcro Caiado”). O que tira inspira a compor?
José Carlos – Acho que isso tem muito a ver com a
minha personalidade e creio que Deus vê isso e tira proveito, porque é ele quem
me dá as canções e eu não consigo compô-las propositalmente. Quando vem a
inspiração eu vou, escrevo e faço já junto com os arranjos, como se tivesse
tudo gravado com orquestra. Faz parte de Deus, na minha concepção. Eu não sou
um compositor proposital. Eu lembro que no tempo que gravei “Cansei de Ser
Crente”, o Jornal Mensageiro da Paz criticou essa canção, apenas pelo título,
por que se tivesse se aprofundado teriam entendido e não teriam criticado
daquela forma.
Reviva
Gospel – Você veio de uma geração em que o cenário da música cristã era outro.
Como você vê a música gospel hoje?
José Carlos –
Vejo muita coisa boa, mas também vejo muito lixo. Eu vejo a música gospel como
um grande buffet self-service. Sirva-se, ou melhor, salve-se quem puder!
Reviva
Gospel – É interessante que há ainda há exceções na moderna música gospel, como
você disse. Você sempre divulga em suas mídias sociais o Culto do Vinil. O que é o Culto
do Vinil?
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Discografia José Carlos |
José Carlos – O Culto do Vinil é um culto que eu e mais
alguns colegas cantores aqui da terra participamos, praticamente de uma a duas
vezes por mês. São cantores da nossa terra, como já falei, são cantores do
vinil (...) só quem gravou vinil é que participa desse culto. Somos ao todo 7
cantores. Dentro de nosso projeto, além de cantar em diversas igrejas, nós
também temos o projeto de evangelizarmos nas praças e outras localidades.
Reviva
Gospel – José Carlos, já falamos da nova música gospel e de suas mudanças. Você
está com um disco novíssimo, né? Fale para nós sobre esse novo trabalho e o que
esperar dele.
José Carlos – É verdade.
Estamos com o lançamento do Volume I da trilogia “José Carlos – Para Gregos, Jovens e Troyanos”. É um trabalho, pra
mim pelo menos, inovador. É só um pouquinho mais diferente do que temos feito
esses anos, mas tem uma proposta bem interessante, um trabalho bem eclético que
a gente tenta com essas composições agradar a “gregos, jovens e troianos”.
Então, quem adquirir o trabalho vai saber o que eu estou falando, vai entender
melhor. Mas, eu tô muito satisfeito com esse trabalho. Pra mim é um dos
melhores, senão o melhor que já gravei até hoje; tá sendo uma experiência
gratificante pra mim, como se eu tivesse gravando o meu primeiro CD – a emoção
é essa e a gratidão a Deus por tudo!
Vale ressaltar
que nesse trabalho tem uma canção que pra mim é o meu xodó. Eu tenho um xodó
nesse CD, mas o principal xodó chama-se Vem
Cá...zuza – é uma homenagem póstuma que estamos fazendo ao poeta Cazuza,
baseado no seguinte fato de que a enfermeira que cuidou dele durante sua
trajetória de enfermidade, viagens e tudo mais, ela evangelizou ele e eu tomei
conhecimento que ela escreveu o livro Fiz
Parte Desse Show e nesse livro ela narra que Cazuza realmente se converteu.
Então, baseado nesse fato, a letra dessa música, o título Vem Cá...zuza, é como se fosse Jesus chamando ele na hora da morte
e a letra é ele falando pra Jesus na hora morte. Eu acredito que muitos vão
gostar! É uma Bossa Nova. Diria até um "Bossarelo", palavra que criei agora: mistura de bossa com bolero!
Reviva
Gospel – Quem quiser agendar o José Carlos para todo o Brasil, como faz?
José Carlos – É
bem simples nos convidar. Pode ser através do e-mail comunidadejosecarlos@yahoo.com.br.
Pode ser pelos telefones (81) 987528956 (OI) e tem o Tim também que é o meu
Whatsapp: (81) 996186801. Vale salientar que não é um absurdo me convidar.
Também não é um absurdo a gente atender.
Reviva
Gospel – José Carlos, fique à vontade para as suas considerações finais.
José Carlos –
Sinto-me honrado com o convite do amigo Ledinilson para a entrevista, por lembrarem de nosso trabalho.
Sinto-me feliz ao ver que pessoas, em especial jovens, tem atendido nossas
mensagens e isso é muito gratificante. O que tento passar são coisas que partem
do coração de Deus para mim e com amor e humildade compartilho com o público.
Tudo isso vem dEle e para a Sua glória! Obrigado!
Reviva
Gospel – Nós que lhe agradecemos a gentileza, a comunhão fraterna e externamos
nossa gratidão e alegria por ter atendido ao convite do Reviva!