domingo, 31 de dezembro de 2017

O ADEUS A OFICINA G3!



São 30 anos de uma das bandas de rock cristão de maior sucesso no Brasil que anunciou o seu “período sabático” e realizou o seu último show há uma semana, em São Paulo, reunindo todos os seus ex-integrantes em uma apresentação emocionante e nostálgica.  Como todo o final de uma carreira artística, uma pergunta soa inevitavelmente: porque o Oficina G3 parou? Será que eles voltarão aos palcos ou trata-se apenas de uma estratégia de marketing?

Antes de conjeturarmos as possíveis causas da pausa, convém dizer que o grupo nasceu a partir de conjuntos de louvor da Igreja Cristo Salva, denominados de G1, G2 e G3, sendo o Oficina terceiro deles, daí a origem do nome Oficina G3 - Oficina, por que trazia a ideia de "conserto". Juninho Afram, Luciano Manga, Valter Lopes, Túlio Régis e Wagner Garcia Maradona, inicialmente se apresentavam ao ar livre, quer seja em praças, metrô, casa de shows populares, sendo a banda mais evangelística na década de 90  A forma de evangelismo que eles faziam causou resistência nos setores mais conservadores da igreja, com destaque para o pastor Luciano Manga que no S.O.S da Vida entrou com um skate - algo impensado à época! Manga permaneceria na banda até o final daquela década, pois sentiu a necessidade de se dedicar exclusivamente ao ministério pastoral, dando vez ao PG, que ingressou após resposta de incontáveis orações. 
A breve passagem do PG (pouco  mais de 5 anos) foi importante para a banda e é considerada por alguns a sua melhor fase, posto que até se apresentaram no Rock in Rio, mas PG resolve deixar o grupo, que não recebe bem a sua saída. Afram conduz os vocais até que em uma apresentação em Brasília, Mauro Henrique pede para cantar uma música. A performance foi tão boa que ele, posteriormente, foi convidado para participar da banda, gravando histórico disco "Depois da Guerra" que rendeu à banda o Grammy Latino de 2009 e o sétimo disco de ouro! Não somente isto, a banda adquiriu tamanha notoriedade, chegando a receber a admiração de Kiko Loureiro e teve matérias publicadas em grandes veículos de comunicação do Brasil. Diante de todo esse histórico de sucessos fica difícil acreditar que o Oficina G3 vai encerrar as atividades temporariamente.

Manter um conjunto musical por 30 anos não é tão fácil como parece, pois somente os integrantes sabem o que acontece nos bastidores. Lidar com ideias divergentes, discussões acaloradas, família, vida pessoal, ministério pastoral fazem da existência de uma banda um desafio enorme a ser superado diariamente. E por falar em desafios, essa palavra é bastante familiar dos músicos do Oficina que desde o início tiveram de desmistificar o falso conceito de Raul Seixas de que o diabo é o pai do rock. Essa ideia, embora em declínio, ainda permanece nas periferias das grandes denominações evangélicas que, historicamente, hostilizaram os membros do Oficina por causa dos brincos, tatuagens, camisetas, performances nada convencionais e uma mensagem contextualizada que lhes é típica. Ainda que eles tenham formado, a duras penas, um universo de fãs que se diversificou com a saída e entrada de novos componentes, um desafio maior ainda estava por vir: a supremacia do Triunfalismo e as novas tendências do mercado fonográfico.
 Falar que “Ele vive com toda a sua glória e o seu poder” ou “não vim pedir teu favor, vim pra te oferecer minha vida, meu amor” é um insulto àqueles que cantam um evangelho adocicado, humanista e sem conexão com o Reino. Eis o desafio que nem o Oficina e talvez ninguém conseguirá vencer, fazendo com que aqueles que quiserem ousar no rock e fazerem canções à moda dos escritos de Salomão, rei de Israel, por exemplo, voltarem a viver à margem do grande mercado, como foi nos anos 70 com Janires Manso.  E não é só isso! As novas tendências do mercado fonográfico exigem cada vez mais ou uma inteligência musical elevadíssima ou uma demência lírica jamais vista na música cristã! Ousamos em afirmar isso por causa da volatilidade do mercado, de modo que ou se faz sucesso por que o produto é bom demais, porém descartável, ou por que é ruim demais e igualmente descartável.
Para quem, como o Oficina G3, coleciona discos de ouro e já fez turnês gigantescas pela América, Europa, Ásia e África, o anúncio do fim pode significar apenas um momento de descanso, reflexão ou para “avaliar diretrizes”, conforme falou Juninho Afram. Mais que isso, para quem teve suas vidas marcadas, transformadas e salvas pelo Senhor e cujas canções foram trilha sonora desses momentos, o fim da banda ou mesmo uma pausa é inaceitável, pois, mesmo considerando a possibilidade da volta, como estará o mercado daqui a 5 ou 10 anos ou que tipo de som eles vão apresentar? O tempo dirá. Ou pode ser que “O Tempo” já disse tudo!
Falando novamente com a retórica existencial de Salomão, às vezes é difícil admitir que “tudo tem seu tempo” e que “há tempo para todo o propósito debaixo do sol” (Ec 3.1), porém a realidade é essa. Provera Deus que tudo seja apenas um ano sabático, que o Oficina volte tão logo, que o seu público não fique órfão, que o vento toque em nosso rosto, mas que somente o tempo, e não o Oficina, vá com ele!

Áleckson Marcos e Ledinilson Sousa para o Reviva Gospel.


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

10 PERGUNTAS COM RENATO SUHETT (Parte II)

Voltamos com a segunda parte de nossa entrevista com o Renato Suhett que agora vai falar sobre seus projetos artísticos, políticos, adesão a Igreja Adventista  do Sétimo Dia muito mais!

Reviva Gospel – Então você fez as maiores contratações na década de 90, né? Mas você, embora não priorizasse o artista conseguiu vender milhões de discos na Line, sendo o recordista naquela época. Depois de você quem mais teve boa vendagem dentro da Line?
Renato Suhett – Olha, depois de mim quem mais teve boa vendagem dentro da Line foi, obviamente, Nelson Ned, o Edinho (Ed Wilson) vendia bem, Tonny Sabetta vendeu bem, Melissa vendeu muito bem também, por que era membro da Igreja Universal (de todos esses aí, ela era membro da Igreja Universal). Então, seriam esses que venderam bem na Line. O Beno não teve uma boa vendagem. Eu mandei tirar 200.000 CDs/LPs, mas ele não teve muita popularidade no primeiro disco dele. Eu é que gostei. Achei o disco dele um dos melhores discos. Depois. Lá na frente, veio o Gérson Cardoso vendendo muito também, mas bem lá na frente. Isso foi bem lá na frente. Ozeias de Paula também vendeu muito bem. Também eu trouxe o Ozeias pra gravar...vendeu muito e o Nelson Ned.

Reviva Gospel – Após a sua saída da Universal você peregrinou por várias denominações e hoje é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O que tem ela de especial para você?


Renato Suhett – Olha, o que a Igreja Adventista tem de especial pra mim, é que ela é uma igreja que tem um fundamento: o “assim diz o Senhor”. Ela é fundamentada na Bíblia. Só isso! Também é uma igreja ética. É uma igreja que não é centrada na Teologia da Prosperidade (que eu não gosto) e por ela ter o “assim diz o Senhor”. Muitas pessoas dizem que a Igreja Adventista é centrada nos escritos de Ellen White, mas não é verdade. Alguns membros, infelizmente, colocam mais ênfase nos escritos de Ellen White do que na Bíblia, mas isso é um grave erro. A própria igreja procura esclarecer que não deve ser a própria Ellen White e assim dizia que não deverão ser, mas, enfim, isso é um problema interno. Mas o que me faz gostar da Igreja Adventista é só isso: ela é muito bíblica, muito fiel às Escrituras, uma igreja ética, uma igreja honesta, uma igreja que não está com a Teologia da Prosperidade. Basicamente isso, por que eu não sou apaixonado por nenhuma instituição religiosa, nenhuma! Eu sou membro da Igreja Adventista, meu ministério é interdenominacional, prego em todas as igrejas. Sei que no céu vou estar com pessoas de todas as igrejas, que são os sinceros de Deus, mas gosto de ser membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas, assim, simplesmente por ela ser uma igreja bíblica, como também a Batista é, Metodista é e outras também. Não faço grande diferença não, mas me sinto bem na Igreja Adventista, por ser um igreja fundamentada na Bíblia, isto, é o verdadeiro Adventismo. Eu sou um cristão adventista. Eu não sou um adventista de berço não. Eu sou um cristão da Igreja Adventista. Não sei se ficou claro aí.

Reviva Gospel – Hoje você tem um projeto de se candidatar a deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Como você pode contribuir para esse estado?

Renato Suhett – Ah, eu sou candidato a deputado estadual, sou pré-candidato – eu não posso falar agora que sou candidato, mas já sou, tenho até número, tudo. Não é um projeto não. Já é uma candidatura real. A nossa principal contribuição para o estado, além de várias coisas na área econômica, na área de saúde e outras, principalmente não educação, no sentido de não deixar que a Ideologia de Gênero penetre nas escolas, barrar, como deputado, todas a tentativa de esquerda, dos partidos de esquerda colocarem Ideologia de Gênero dentro das escolas – eles querem colocar inclusive um projeto de três banheiros: para ter um banheiro para menino, menina, outro para menina que decidiu ser menino, outro para menino que decidiu ser menina. Isso é um absurdo! A minha principal contribuição será essa: impedir a infiltração da Ideologia de Gênero dentro das escolas. Essa é a principal, mas tem muitas outras, como, por exemplo, incentivo aos microempresários, incentivo à indústria pesqueira, aos portos, incentivo do primeiro emprego e aos idosos também que estão abandonados. Tenho vários projetos, mas a nossa frente de trabalho é lutar contra a Ideologia de Gênero dentro da educação nas nossas escolas, Rio de Janeiro, especialmente.

Reviva Gospel – Renato, você anunciou recentemente que vai voltar às suas atividades artísticas em 2018. Como podemos agendar você para pregar ou cantar em um evento?

Renato Suhett – É depois das eleições, né? Quer dizer, eu posso fazer evento musical. Eu posso agendar para cantar. É só a pessoa entrar em contato comigo. Tô com a minha assessoria de imprensa através da Débora, mas nem precisa. Pode até falar diretamente comigo: (021) 96568-5083. É o meu telefone, meu zap; entra em contato comigo e a gente acerta. Possivelmente, eu posso direcionar para a minha assessora de imprensa que chama-se Débora que poderia ver isso, mas pode tentar direto comigo mesmo. 2018 acho difícil, por que eu já estou com a agenda quase toda cheia, a não ser dia de semana que eu tenho vagos, mas é só agendar e, principalmente depois da eleição eu vou ter mais tempo pra fazer isso.

Reviva Gospel - Renato, estamos felizes por ter aceitado o nosso convite. Agora fique à vontade para fazer as suas considerações finais.

Renato Suhett – Olha, eu gostaria de nas minhas considerações finais, dizer a todos o seguinte: nós estamos no Brasil diante de um grande desafio. Existe uma força satânica impulsionando a política, impulsionando partidos, ideias, pessoas para perverter a instituição família que foi criada por Deus. Ao invés da “ideologia de Gêneses” eles estão querendo impor a Ideologia de Gênero, que é uma mentira, uma farsa satânica, em nome de uma liberdade que não é liberdade, mas sim licenciosidade. Isso avilta a Palavra de Deus e ao próprio Deus. E nós temos uma posição contrária a isso. E isso é uma coisa que eu gostaria de deixar claro nas minhas considerações finais. A outra é que todos que vão ler este depoimento, essa nossa entrevista, seja você quem você for, onde você estiver, talvez distante dos caminhos do Senhor, longe do Senhor, longe do Pai, eu quero que você saiba que Deus está com os braços absolutamente abertos para recebê-lo de volta. Ainda que uma instituição chamada igreja talvez não aceite ou tenha expulsado a você ou tenha excluído você do rol de membros, você não foi excluído do coração de Deus. Deus está com os braços abertos para receber você de volta. Ou se você nunca se entregou a Jesus que você faça uma entrega verdadeira e real, pois ele é o pai do filho pródigo, aquele pai que espera sempre de braços abertos o filho que para ele volta.

“Vinde a mim todos os cansados e oprimidos, sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim por que sou manso e humilde de coração”. Essa é a Palavra Eterna do nosso Senhor Jesus, Deus de amor e de toda a graça que quer salvar a todos que se voltam para ele. Minhas palavras finais. Muito obrigado mesmo ao Aleckson e ao Reviva Gospel. Muito obrigado pela oportunidade da entrevista. Que Deus nos abençoe!

Esta foi mais uma entrevista da Série 10 perguntas que volta na primeira semana de janeiro de 2018 e o próximo entrevistado é...Milton Jorge do Sinal de Alerta! Até lá!

Em Cristo, Aleckson Marcos para o Reviva Gospel

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

10 PERGUNTAS COM RENATO SUHETT (PARTE I)


Ele foi o fenômeno da música evangélica na década de 90 e um dos mais influentes líderes eclesiásticos no Brasil que consolidou-se no meio cristão por ser um dos primeiros a ousar em fazer versões evangélicas de clássicos da música internacional. Estamos falando de Renato Suhett que gentilmente nos recebeu para falar um pouco de sua dupla carreira nos anos 90 e sobre seus novos projetos para 2018 em uma entrevista especial para Reviva Gospel em mais uma matéria da Série 10 Perguntas!

Reviva Gospel - Primeiramente, Renato, como foi a sua conversão? Conte para nós sua experiência de conversão ao evangelho.

Renato Suhett – Olha, a minha experiência de conversão foi por intermédio de um amigo meu chamado Hélio Delmiro que era guitarrista de Milton Nascimento, da Elis Regina e ele havia se convertido. Ele era meu amigo e nós tocávamos jazz e ele falou pra mim de Jesus e que ele estava na Igreja Universal. Eu comecei a ouvir a Rádio Copacabana, na época, AM, no Rio de Janeiro e depois a Rádio Relógio, onde tinha um programa do bispo Roberto McAlister e ali eu fui ouvindo, fui na (igreja) Nova Vida e ali no primeiro dia que eu fui (eu tinha 22 anos de idade) eu aceitei a Jesus como meu Senhor e meu Salvador. Essa foi minha experiência de conversão. Foi uma coisa tremenda! Eu lembro que falei para os meus pais. Meu pai era militar e ateu, ele não aceitou, disse que eu deveria escolher entre ele e Jesus, mas eu escolhi Jesus até o dia de hoje e de hoje para sempre. Graças a Deus!

Reviva Gospel – Então o seu envolvimento com a música é anterior ao evangelho, mas você sempre quis ser cantor (gospel ou não)?

Renato Suhett – Não! Eu nunca quis em ser cantor gospel nem nada. Eu comecei a estudar violão clássico com 8 anos de idade. Meu pai me colocou para tocar violão, com 15 anos eu tocava já muito bem. Comecei a tocar guitarra, a tocar jazz com 16 anos e já tava fazendo bailes, por que, como eu tocava clássico, eu era muito bom guitarrista - como sou ainda (eu sou um guitarrista). Eu não sou um cantor, eu sou um intérprete das minhas músicas Aí depois de muito tempo, quando eu tinha 18, 19 anos eu comecei a cantar. Eu tocava nos bailes. Toquei no Painel de Controle, fui guitarrista da Rosana no tempo da Banda Casa Nova que era do pai dela e depois eu comecei a cantar de sério. Eu ganhei prêmio num festival como melhor intérprete, aí eu falei “bom, eu acho que eu sei cantar”. Aí eu comecei a cantar e cantava na noite e aí eu passei a ser não só guitarrista, mas eu tocava e cantava – tocando na noite, além da carreira de professor que eu tinha. Depois que eu me converti, no início eu não queria tocar. Muito engraçado isso! Eu não queria tocar nada, por que eu tinha medo de a igreja me botar pra músico da igreja. Eu nunca quis ser músico, queria ser pastor. Aí, um dia o bispo Macedo de me ouviu cantar num culto (eu tava cantando a música “Espírito Santo, eu te amo sim”) e ele me chamou e disse:” oh, rapaz, você é cantor profissional e ninguém canta assim”. Eu falei: “eu sou cantor e tal...”; Foi quando ele falou: “vamos gravar!” e gravou o disco “Em Teu Olhar”. Mandou gravar o disco que pensava que ia vender 50.000 acabou vendendo 400.000 cópias e aí começa tudo. Mas começou assim por Deus mesmo (...) depois culminou com a formação da Line Records, que é a gravadora da Universal que eu fiz, em função também do nosso sucesso como cantor e produtor, lançando Tonny Sabetta, Melissa, Beno Cézar mais um monte de gente aí. Fui dando curso ao Ed Wilson na parte gospel, trazendo o Nelson Ned pra Line Records, trazendo o Cid Moreira para gravar o primeiro disco de Salmos. Foi assim, veio por Deus, mas não por eu querer. Eu nunca quis. Veio mesmo por Deus!


Reviva Gospel – Que legal saber que você mais ou menos “gerou” a Melissa e ajudou o grande Ed Wilson a entra no Gospel. Então, sua saída da Nova Vida foi em função da música ou teve mais alguma coisa que te atraiu à Universal?

Renato Suhett – O que me atraiu a à Igreja Universal é que a igreja abria todos os dias, expulsava demônios, curava enfermos, e pregava a Palavra, busca do Espírito Santo. Essas coisas me encantaram. Uma igreja diária, vários cultos (de manhã, de tarde e de noite), vigília, logo fizemos o primeiro Maracanã. Então, quer dizer, essa atividade evangelística da Igreja Universal é que me fez migrar da Nova Vida para a Universal e também pela afinidade de conhecer o bispo Macedo e ele ter sido também da Nova Vida. Então foi por isso, a dinâmica do trabalho que eu acho lindo até os dias de hoje, aliás, não só lindo, como incomparável!

Reviva Gospel – A que você atribui a sua ascensão meteórica dentro da hierarquia da IURD e em quanto tempo você se tornou Bispo Primaz?

Renato Suhett – Olha, uma pergunta difícil! Bom, primeiro a vontade de Deus. Eu fiz uma oração. Eu tinha vontade de fazer estudos bíblicos na Igreja Universal, que ela fosse uma igreja de cura, milagre, expulsasse demônio como fazia, buscasse o Espírito Santo, mas que tivesse estudos bíblicos. Eu fiz uma oração (eu era pastor na Barra da Tijuca), eu falei: “Senhor, se eu estou certo, o Senhor vai me colocar lá em cima, eu vou ser igual o bispo Macedo; vou estar do lado dele e quando estiver lá e vou fazer aquilo que o Senhor...que eu estou colocando no meu coração hoje –fazer a igreja ter menos campanhas da igreja,  se voltar menos para as ofertas e mais para o estudo bíblico. Eu só posso entender essa ascensão meteórica como a mão de Deus, por que, realmente, foi uma coisa incrível. Rapidinho, o Gonsalves que era pastor ali me colocou para ser o segundo dele, logo eu já era o primeiro. Gonsalves foi pra São Paulo, eu era o líder do Rio de Janeiro, logo o bispo Macedo me leva pra São Paulo pra ser líder em São Paulo e logo logo ele decide que eu ia ser o segundo bispo na hierarquia da igreja e o Bispo do Brasil. Então, isso foi impressionantemente num prazo de 4 anos. Não haviam bispos na igreja; eram só 7 bispos em cada país e o bispo do Brasil fui eu; o bispo Macedo foi viajar para os Estados Unidos, deixou o Brasil nas minhas mãos; eu cuidava de mais de 1500 igrejas, tanto que ele me deu o privilégio de poder consagrar outros bispos auxiliares, dentro os quais, um deles foi o Valdemiro Santiago, depois o bispo Clodomir Santos, Alfredo Paulo e Paulo Roberto. Enfim, essa ascensão meteórica só pode ter sido a vontade de Deus, tanto que que quando eu fui bispo do Brasil eu tirei as campanhas da igreja, trabalhava só com dízimos, ofertas e comecei botar estudos bíblicos, fiz vários livros, como “Obreiro Aprovado”, “Alicerces da Fé” e paralelo à música também o louvor bacana e tocando a Line Records - a gravadora da Igreja -. Enfim, eu cumpri a Deus aquilo que eu havia prometido e mais: quando o bispo foi preso, Deus me deu a benção de que a igreja dobrasse, quando muitos tinham medo que a igreja sumisse, na prisão dele nós fizemos – pela força de Deus, é claro – a igreja dobrar, cresceu mais ainda e tava sobre a minha direção. Então Deus me abençoou dentro daquele propósito que eu fiz com ele, até o momento que o bispo achou por bem não ter mais estudos bíblicos. Eu comecei a ficar triste e sair da igreja.

Reviva Gospel – Seu sucesso como cantor foi estrondoso, chegando a ser o segundo maior cantor gospel da América Latina em vendagens de discos e ao mesmo tempo dirigia a Line Records. Como você conseguia conciliar tudo isso com o episcopado?

Renato Suhett – Eu desenvolvia o meu ministério pastoral. Eu nunca me dediquei como cantor – até acho que deveria ter me dedicado mais -, mas o meu trabalho episcopal, tendo que cuidar de mais de 1500 igrejas não me permitia, por exemplo, cantar nas igrejas. A Igreja Universal era muito trabalho, mas muito, muito! Então, como eu fazia? Eu dirigia a Line Records à distância, ou seja, eu mandava. Eu mandava na Line Records, mas eu tinha o Josépio da Non que era o diretor executivo e o diretor de produção que era o Hélio Delmiro. Então eu ficava em São Paulo, a Line Records aqui no Rio e eu só falava assim: “olha tem uma menina aqui chamada Iracema (Melissa) que nós vamos gravar e quem vai produzir é o Tonny Sabetta que eu escolhi”. Pronto! Falava isso e eles tocavam.
“Grava um disco com o Ed Wilson”. “Ah, contrato dele é tal, tal”. “Tá bom. Pode assinar. Manda fazer 100 mil discos com Ed Wilson”. Trouxe o Nelson Ned pessoalmente. “Grava o Nelson Ned”. O Nelson Ned quis gravar o disco dele, por exemplo lá na Edições Paulinas. Eu dizia: “bora, pode pagar o stúdio, pode fazer”. Eu mandava e eles executavam.
“Pega aquele menino do Banda e Voz, que é o Beno César, aquele baixista, tira ele (tira não rsrs). Tira ele da banda momentaneamente e faz ele gravar um disco solo, por que ele é muito bom. Eu falei assim: “ele tem que ter um trabalho solo. Ele não pode ficar ali como um coadjuvante no Banda e Voz, tocando baixo”. E o Beno César veio a ser esse sucesso que é hoje aí! O Tonny Sabetta fazia muitas músicas, compositor. Eu falei: “Tonny, agora é hora de você gravar o seu próprio disco”. Agora, eu, como cantor, só ia gravar. Eu gravava um disco por ano. Teve um que eu cheguei a levar dois anos pra gravar, que foi “A Última Lágrima”. Eu gravava o disco. Saía de São Paulo, vinha no Rio, gravava os discos em Espanhol também e voltava e ficava trabalhando no episcopado, como pastor, como bispo. Vinha, gravava, soltava as músicas nas rádios, na televisão (fazia televisão também), mas não atuava como cantor. O cantor vinha junto com o pastor. Outra coisa que eu fiz também naquela época, (e que eu tenho muita alegria de ter feito) é que eu dei um programa. Dei! Um programa pra Paulo César Graça e Paz na Rádio Copacabana todos os domingos, em que ele fazia de 4:00 às 6:00, se eu não me engano, de 5:00 às 7:00, um horário legal. Ele fazia um programa de duas horas. Eu dei esse programa pra ele, musical, né, pra ele fazer, por que o Paulo Cesar era muito bom. Aí, veio com ele o Carlinhos Félix que eu trouxe também pra Line, naquela época. Até a Marina de Oliveira eu trouxe! Ela gravou um disco na Line Records. Eu tava trazendo todo mundo. Só não consegui trazer um conjunto que eu gostava muito e gosto até hoje: não consegui trazer, na época, o Sinal de Alerta, por que eu viajei para os Estados Unidos, mas todo mundo eu tava trazendo – quem eu gostava para fazer uma equipe forte na Line Records.

Respondendo à sua pergunta: como eu conseguia conciliar isso? Eu trabalhava na parte pastoral. Eu não fazia um ministério de cantor paralelo. Eu só ia pregando no Brasil inteiro e ao mesmo tempo em que eu estava pregando eu cantava as minhas músicas, mas sempre colocando o pastor na frente do cantor.

ACOMPANHE A SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA AINDA NESTA SEMANA!

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

E LÁ SE VÃO 7 ANOS SEM JOSIAS MENEZES!

O tempo passa muito rápido e já fazem 7 anos que falecia o grande Josias Menezes, àquele que era considerado um visionário por uns, um excelente compositor para outros e para muitos um ousado investidor do mercado evangélico.

Trazer à memoria a imagem de Jozias Menezes é reconhecer o imenso legado deixado por ele para a nossa música cristã, pois os seus esforços empreendidos no início da década de 60, impactaria para sempre a forma de fazer e consumir música evangélica.

Um dos pioneiros do rádio, Jozias ousou bastante ao criar o lendário programa "Peça Seu Hino Preferido" (1962 - 1982) pela rádio Copacabana, pois a partir daquela iniciativa diversos cantores despontaram pelo Brasil afora pela visibilidade dada pelo seu programa. Na verdade, "Peça Seu Hino Preferido" era uma espécie de vitrine que projetava cantores para o Brasil inteiro. Cantores como, Leni Silva, José Carlos e Ozeias de Paula ganharam o troféu Cantor Revelação do Ano e se tornaram fenômenos nas décadas de 70 e 80. E o que dizer da "Caravana do Josias Menezes"? Dizer que foi uma iniciativa ousada é pouco ainda!

Nas décadas de 70 e 80 havia histórias sucedidas da relação entre cantor e compositor, dessa forma, Ozeias de Paula está para Edison Coelho, assim como Josely Scarabelli está para Jozias Menezes (como esquecer "O Rosto de Cristo"?).

Para Elvis Tavares, "como compositor, destacou-se em diversas obras, com destaque especialíssimo para O rosto de Cristo, que possui mais de 60 gravações diferentes. Número que suplanta muitas composições famosas de grandes autores da MPB.

Comprei a revista Bizz em edição comemorativa aos 70 anos do "Rei" Roberto Carlos. Na página 95, há uma menção à pesquisa feita pelo ECAD informando que a obra Emoções, de Roberto & Erasmo, foi a música de sua carreira com maior número de regravações: 57 vezes. Ou seja, RC é superado por Josias, em se fazendo esse pequeno paralelo, muito embora os rendimentos autorais tracem um lamentável paradoxo entre eles, haja vista que enquanto Roberto Carlos via sua conta corrente aumentar, Josias, que lutava pelos direitos dos autores, a cada momento descobria uma nova regravação desautorizada."

Josias deixou um legado muito grande para a igreja brasileira e, à época, o seu programa "Peça Seu Hino Favorito" significava que os ouvintes podiam pedir QUALQUER hino mesmo. Infelizmente, hoje, não podemos mais ligar para as radios e pedir nossas canções prediletas, pois o mercado impõe e as pessoas são obrigadas a consumir as músicas com as quais a mídia cristã está comprometida.

Perdemos um grande investidor, um grande visionário, um grande compositor. Perdemos, e parece que ainda não nasceu ninguém para dar prosseguimento ao que Josias deixou!