terça-feira, 19 de dezembro de 2017

10 PERGUNTAS COM RENATO SUHETT (PARTE I)


Ele foi o fenômeno da música evangélica na década de 90 e um dos mais influentes líderes eclesiásticos no Brasil que consolidou-se no meio cristão por ser um dos primeiros a ousar em fazer versões evangélicas de clássicos da música internacional. Estamos falando de Renato Suhett que gentilmente nos recebeu para falar um pouco de sua dupla carreira nos anos 90 e sobre seus novos projetos para 2018 em uma entrevista especial para Reviva Gospel em mais uma matéria da Série 10 Perguntas!

Reviva Gospel - Primeiramente, Renato, como foi a sua conversão? Conte para nós sua experiência de conversão ao evangelho.

Renato Suhett – Olha, a minha experiência de conversão foi por intermédio de um amigo meu chamado Hélio Delmiro que era guitarrista de Milton Nascimento, da Elis Regina e ele havia se convertido. Ele era meu amigo e nós tocávamos jazz e ele falou pra mim de Jesus e que ele estava na Igreja Universal. Eu comecei a ouvir a Rádio Copacabana, na época, AM, no Rio de Janeiro e depois a Rádio Relógio, onde tinha um programa do bispo Roberto McAlister e ali eu fui ouvindo, fui na (igreja) Nova Vida e ali no primeiro dia que eu fui (eu tinha 22 anos de idade) eu aceitei a Jesus como meu Senhor e meu Salvador. Essa foi minha experiência de conversão. Foi uma coisa tremenda! Eu lembro que falei para os meus pais. Meu pai era militar e ateu, ele não aceitou, disse que eu deveria escolher entre ele e Jesus, mas eu escolhi Jesus até o dia de hoje e de hoje para sempre. Graças a Deus!

Reviva Gospel – Então o seu envolvimento com a música é anterior ao evangelho, mas você sempre quis ser cantor (gospel ou não)?

Renato Suhett – Não! Eu nunca quis em ser cantor gospel nem nada. Eu comecei a estudar violão clássico com 8 anos de idade. Meu pai me colocou para tocar violão, com 15 anos eu tocava já muito bem. Comecei a tocar guitarra, a tocar jazz com 16 anos e já tava fazendo bailes, por que, como eu tocava clássico, eu era muito bom guitarrista - como sou ainda (eu sou um guitarrista). Eu não sou um cantor, eu sou um intérprete das minhas músicas Aí depois de muito tempo, quando eu tinha 18, 19 anos eu comecei a cantar. Eu tocava nos bailes. Toquei no Painel de Controle, fui guitarrista da Rosana no tempo da Banda Casa Nova que era do pai dela e depois eu comecei a cantar de sério. Eu ganhei prêmio num festival como melhor intérprete, aí eu falei “bom, eu acho que eu sei cantar”. Aí eu comecei a cantar e cantava na noite e aí eu passei a ser não só guitarrista, mas eu tocava e cantava – tocando na noite, além da carreira de professor que eu tinha. Depois que eu me converti, no início eu não queria tocar. Muito engraçado isso! Eu não queria tocar nada, por que eu tinha medo de a igreja me botar pra músico da igreja. Eu nunca quis ser músico, queria ser pastor. Aí, um dia o bispo Macedo de me ouviu cantar num culto (eu tava cantando a música “Espírito Santo, eu te amo sim”) e ele me chamou e disse:” oh, rapaz, você é cantor profissional e ninguém canta assim”. Eu falei: “eu sou cantor e tal...”; Foi quando ele falou: “vamos gravar!” e gravou o disco “Em Teu Olhar”. Mandou gravar o disco que pensava que ia vender 50.000 acabou vendendo 400.000 cópias e aí começa tudo. Mas começou assim por Deus mesmo (...) depois culminou com a formação da Line Records, que é a gravadora da Universal que eu fiz, em função também do nosso sucesso como cantor e produtor, lançando Tonny Sabetta, Melissa, Beno Cézar mais um monte de gente aí. Fui dando curso ao Ed Wilson na parte gospel, trazendo o Nelson Ned pra Line Records, trazendo o Cid Moreira para gravar o primeiro disco de Salmos. Foi assim, veio por Deus, mas não por eu querer. Eu nunca quis. Veio mesmo por Deus!


Reviva Gospel – Que legal saber que você mais ou menos “gerou” a Melissa e ajudou o grande Ed Wilson a entra no Gospel. Então, sua saída da Nova Vida foi em função da música ou teve mais alguma coisa que te atraiu à Universal?

Renato Suhett – O que me atraiu a à Igreja Universal é que a igreja abria todos os dias, expulsava demônios, curava enfermos, e pregava a Palavra, busca do Espírito Santo. Essas coisas me encantaram. Uma igreja diária, vários cultos (de manhã, de tarde e de noite), vigília, logo fizemos o primeiro Maracanã. Então, quer dizer, essa atividade evangelística da Igreja Universal é que me fez migrar da Nova Vida para a Universal e também pela afinidade de conhecer o bispo Macedo e ele ter sido também da Nova Vida. Então foi por isso, a dinâmica do trabalho que eu acho lindo até os dias de hoje, aliás, não só lindo, como incomparável!

Reviva Gospel – A que você atribui a sua ascensão meteórica dentro da hierarquia da IURD e em quanto tempo você se tornou Bispo Primaz?

Renato Suhett – Olha, uma pergunta difícil! Bom, primeiro a vontade de Deus. Eu fiz uma oração. Eu tinha vontade de fazer estudos bíblicos na Igreja Universal, que ela fosse uma igreja de cura, milagre, expulsasse demônio como fazia, buscasse o Espírito Santo, mas que tivesse estudos bíblicos. Eu fiz uma oração (eu era pastor na Barra da Tijuca), eu falei: “Senhor, se eu estou certo, o Senhor vai me colocar lá em cima, eu vou ser igual o bispo Macedo; vou estar do lado dele e quando estiver lá e vou fazer aquilo que o Senhor...que eu estou colocando no meu coração hoje –fazer a igreja ter menos campanhas da igreja,  se voltar menos para as ofertas e mais para o estudo bíblico. Eu só posso entender essa ascensão meteórica como a mão de Deus, por que, realmente, foi uma coisa incrível. Rapidinho, o Gonsalves que era pastor ali me colocou para ser o segundo dele, logo eu já era o primeiro. Gonsalves foi pra São Paulo, eu era o líder do Rio de Janeiro, logo o bispo Macedo me leva pra São Paulo pra ser líder em São Paulo e logo logo ele decide que eu ia ser o segundo bispo na hierarquia da igreja e o Bispo do Brasil. Então, isso foi impressionantemente num prazo de 4 anos. Não haviam bispos na igreja; eram só 7 bispos em cada país e o bispo do Brasil fui eu; o bispo Macedo foi viajar para os Estados Unidos, deixou o Brasil nas minhas mãos; eu cuidava de mais de 1500 igrejas, tanto que ele me deu o privilégio de poder consagrar outros bispos auxiliares, dentro os quais, um deles foi o Valdemiro Santiago, depois o bispo Clodomir Santos, Alfredo Paulo e Paulo Roberto. Enfim, essa ascensão meteórica só pode ter sido a vontade de Deus, tanto que que quando eu fui bispo do Brasil eu tirei as campanhas da igreja, trabalhava só com dízimos, ofertas e comecei botar estudos bíblicos, fiz vários livros, como “Obreiro Aprovado”, “Alicerces da Fé” e paralelo à música também o louvor bacana e tocando a Line Records - a gravadora da Igreja -. Enfim, eu cumpri a Deus aquilo que eu havia prometido e mais: quando o bispo foi preso, Deus me deu a benção de que a igreja dobrasse, quando muitos tinham medo que a igreja sumisse, na prisão dele nós fizemos – pela força de Deus, é claro – a igreja dobrar, cresceu mais ainda e tava sobre a minha direção. Então Deus me abençoou dentro daquele propósito que eu fiz com ele, até o momento que o bispo achou por bem não ter mais estudos bíblicos. Eu comecei a ficar triste e sair da igreja.

Reviva Gospel – Seu sucesso como cantor foi estrondoso, chegando a ser o segundo maior cantor gospel da América Latina em vendagens de discos e ao mesmo tempo dirigia a Line Records. Como você conseguia conciliar tudo isso com o episcopado?

Renato Suhett – Eu desenvolvia o meu ministério pastoral. Eu nunca me dediquei como cantor – até acho que deveria ter me dedicado mais -, mas o meu trabalho episcopal, tendo que cuidar de mais de 1500 igrejas não me permitia, por exemplo, cantar nas igrejas. A Igreja Universal era muito trabalho, mas muito, muito! Então, como eu fazia? Eu dirigia a Line Records à distância, ou seja, eu mandava. Eu mandava na Line Records, mas eu tinha o Josépio da Non que era o diretor executivo e o diretor de produção que era o Hélio Delmiro. Então eu ficava em São Paulo, a Line Records aqui no Rio e eu só falava assim: “olha tem uma menina aqui chamada Iracema (Melissa) que nós vamos gravar e quem vai produzir é o Tonny Sabetta que eu escolhi”. Pronto! Falava isso e eles tocavam.
“Grava um disco com o Ed Wilson”. “Ah, contrato dele é tal, tal”. “Tá bom. Pode assinar. Manda fazer 100 mil discos com Ed Wilson”. Trouxe o Nelson Ned pessoalmente. “Grava o Nelson Ned”. O Nelson Ned quis gravar o disco dele, por exemplo lá na Edições Paulinas. Eu dizia: “bora, pode pagar o stúdio, pode fazer”. Eu mandava e eles executavam.
“Pega aquele menino do Banda e Voz, que é o Beno César, aquele baixista, tira ele (tira não rsrs). Tira ele da banda momentaneamente e faz ele gravar um disco solo, por que ele é muito bom. Eu falei assim: “ele tem que ter um trabalho solo. Ele não pode ficar ali como um coadjuvante no Banda e Voz, tocando baixo”. E o Beno César veio a ser esse sucesso que é hoje aí! O Tonny Sabetta fazia muitas músicas, compositor. Eu falei: “Tonny, agora é hora de você gravar o seu próprio disco”. Agora, eu, como cantor, só ia gravar. Eu gravava um disco por ano. Teve um que eu cheguei a levar dois anos pra gravar, que foi “A Última Lágrima”. Eu gravava o disco. Saía de São Paulo, vinha no Rio, gravava os discos em Espanhol também e voltava e ficava trabalhando no episcopado, como pastor, como bispo. Vinha, gravava, soltava as músicas nas rádios, na televisão (fazia televisão também), mas não atuava como cantor. O cantor vinha junto com o pastor. Outra coisa que eu fiz também naquela época, (e que eu tenho muita alegria de ter feito) é que eu dei um programa. Dei! Um programa pra Paulo César Graça e Paz na Rádio Copacabana todos os domingos, em que ele fazia de 4:00 às 6:00, se eu não me engano, de 5:00 às 7:00, um horário legal. Ele fazia um programa de duas horas. Eu dei esse programa pra ele, musical, né, pra ele fazer, por que o Paulo Cesar era muito bom. Aí, veio com ele o Carlinhos Félix que eu trouxe também pra Line, naquela época. Até a Marina de Oliveira eu trouxe! Ela gravou um disco na Line Records. Eu tava trazendo todo mundo. Só não consegui trazer um conjunto que eu gostava muito e gosto até hoje: não consegui trazer, na época, o Sinal de Alerta, por que eu viajei para os Estados Unidos, mas todo mundo eu tava trazendo – quem eu gostava para fazer uma equipe forte na Line Records.

Respondendo à sua pergunta: como eu conseguia conciliar isso? Eu trabalhava na parte pastoral. Eu não fazia um ministério de cantor paralelo. Eu só ia pregando no Brasil inteiro e ao mesmo tempo em que eu estava pregando eu cantava as minhas músicas, mas sempre colocando o pastor na frente do cantor.

ACOMPANHE A SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA AINDA NESTA SEMANA!

4 comentários:

  1. Excelente entrevista, melhor matéria até hoje , ansioso pra ver a segunda parte

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  2. Eu gosto de mais do Renato Suhett estou maravilhado em ver essa matéria parabéns ão produtor

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  3. Um espetáculo!
    Um homem iluminado por Deus!
    Deus seja louvado por sua vida!

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