São
30 anos de uma das bandas de rock cristão de maior sucesso no Brasil que
anunciou o seu “período sabático” e realizou o seu último show há uma semana,
em São Paulo, reunindo todos os seus ex-integrantes em uma apresentação
emocionante e nostálgica. Como todo o
final de uma carreira artística, uma pergunta soa inevitavelmente: porque o
Oficina G3 parou? Será que eles voltarão aos palcos ou trata-se apenas de
uma estratégia de marketing?
Manter um conjunto musical por 30 anos não é tão fácil como parece, pois somente os integrantes sabem o que acontece nos bastidores. Lidar com ideias divergentes, discussões acaloradas, família, vida pessoal, ministério pastoral fazem da existência de uma banda um desafio enorme a ser superado diariamente. E por falar em desafios, essa palavra é bastante familiar dos músicos do Oficina que desde o início tiveram de desmistificar o falso conceito de Raul Seixas de que o diabo é o pai do rock. Essa ideia, embora em declínio, ainda permanece nas periferias das grandes denominações evangélicas que, historicamente, hostilizaram os membros do Oficina por causa dos brincos, tatuagens, camisetas, performances nada convencionais e uma mensagem contextualizada que lhes é típica. Ainda que eles tenham formado, a duras penas, um universo de fãs que se diversificou com a saída e entrada de novos componentes, um desafio maior ainda estava por vir: a supremacia do Triunfalismo e as novas tendências do mercado fonográfico.
Antes de conjeturarmos as possíveis causas da pausa, convém dizer
que o grupo nasceu a partir de conjuntos de louvor da Igreja Cristo Salva, denominados de G1, G2 e G3,
sendo o Oficina terceiro deles, daí a origem do nome Oficina G3 - Oficina, por
que trazia a ideia de "conserto". Juninho Afram, Luciano Manga, Valter Lopes, Túlio
Régis e Wagner Garcia Maradona, inicialmente se apresentavam ao ar livre, quer
seja em praças, metrô, casa de shows populares, sendo a banda mais
evangelística na década de 90 A forma de evangelismo que eles faziam
causou resistência nos setores mais conservadores da igreja, com destaque para
o pastor Luciano Manga que no S.O.S da Vida entrou com um skate - algo
impensado à época! Manga permaneceria na banda até o final daquela década, pois
sentiu a necessidade de se dedicar exclusivamente ao ministério pastoral, dando
vez ao PG, que ingressou após resposta de incontáveis orações.
A breve passagem
do PG (pouco mais de 5 anos) foi importante para a banda e é considerada
por alguns a sua melhor fase, posto que até se apresentaram no Rock in Rio, mas
PG resolve deixar o grupo, que não recebe bem a sua saída. Afram conduz os
vocais até que em uma apresentação em Brasília, Mauro Henrique pede para cantar
uma música. A performance foi tão boa que ele, posteriormente, foi convidado
para participar da banda, gravando histórico disco "Depois da Guerra" que rendeu à banda o Grammy Latino de 2009 e o
sétimo disco de ouro! Não somente isto, a banda adquiriu tamanha notoriedade,
chegando a receber a admiração de Kiko Loureiro e teve matérias publicadas
em grandes veículos de comunicação do Brasil. Diante de todo esse histórico de
sucessos fica difícil acreditar que o Oficina G3 vai encerrar as atividades
temporariamente.
Manter um conjunto musical por 30 anos não é tão fácil como parece, pois somente os integrantes sabem o que acontece nos bastidores. Lidar com ideias divergentes, discussões acaloradas, família, vida pessoal, ministério pastoral fazem da existência de uma banda um desafio enorme a ser superado diariamente. E por falar em desafios, essa palavra é bastante familiar dos músicos do Oficina que desde o início tiveram de desmistificar o falso conceito de Raul Seixas de que o diabo é o pai do rock. Essa ideia, embora em declínio, ainda permanece nas periferias das grandes denominações evangélicas que, historicamente, hostilizaram os membros do Oficina por causa dos brincos, tatuagens, camisetas, performances nada convencionais e uma mensagem contextualizada que lhes é típica. Ainda que eles tenham formado, a duras penas, um universo de fãs que se diversificou com a saída e entrada de novos componentes, um desafio maior ainda estava por vir: a supremacia do Triunfalismo e as novas tendências do mercado fonográfico.
Falar que “Ele
vive com toda a sua glória e o seu poder” ou “não vim pedir teu favor, vim pra te oferecer minha vida, meu amor” é
um insulto àqueles que cantam um evangelho adocicado, humanista e sem conexão
com o Reino. Eis o desafio que nem o Oficina e talvez ninguém conseguirá
vencer, fazendo com que aqueles que quiserem ousar no rock e fazerem canções à
moda dos escritos de Salomão, rei de Israel, por exemplo, voltarem a viver à
margem do grande mercado, como foi nos anos 70 com Janires Manso. E não é só isso! As novas tendências do
mercado fonográfico exigem cada vez mais ou uma inteligência musical elevadíssima
ou uma demência lírica jamais vista na música cristã! Ousamos em afirmar isso
por causa da volatilidade do mercado, de modo que ou se faz sucesso por que o
produto é bom demais, porém descartável, ou por que é ruim demais e igualmente
descartável.
Para
quem, como o Oficina G3, coleciona discos de ouro e já fez turnês gigantescas
pela América, Europa, Ásia e África, o anúncio do fim pode significar apenas um
momento de descanso, reflexão ou para “avaliar diretrizes”, conforme falou
Juninho Afram. Mais que isso, para quem teve suas vidas marcadas, transformadas
e salvas pelo Senhor e cujas canções foram trilha sonora desses momentos, o fim
da banda ou mesmo uma pausa é inaceitável, pois, mesmo considerando a
possibilidade da volta, como estará o mercado daqui a 5 ou 10 anos ou que tipo
de som eles vão apresentar? O tempo dirá. Ou pode ser que “O Tempo” já disse tudo!
Falando
novamente com a retórica existencial de Salomão, às vezes é difícil admitir que
“tudo tem seu tempo” e que “há tempo para todo o propósito debaixo do
sol” (Ec 3.1), porém a realidade é
essa. Provera Deus que tudo seja apenas um ano sabático, que o Oficina volte
tão logo, que o seu público não fique órfão, que o vento toque em nosso rosto,
mas que somente o tempo, e não o Oficina, vá com ele!
Áleckson Marcos e Ledinilson Sousa para
o Reviva Gospel.
Impressionante como Áleckson se supera a cada matéria, parabéns pela redação
ResponderExcluirLedinilson da Jussara
Belíssima matéria !!! É triste ver uma banda como o G3 deixar o mercado, (mesmo que não seja definitivo) pois ela é uma das vozes que caminham na contramão do sistema ! Em um universo bitolado e cheio de clichês, G3 é um consolo aos amantes da boa música cristã. Espero que seja um até logo...
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