terça-feira, 14 de agosto de 2018

ROUPA NOVA NA MÚSICA GOSPEL?


Pode parecer estranho para boa parte dos evangélicos, mas a música cristã brasileira em seus bastidores recebe contribuição direta de importantes músicos do meio secular, bem como há artistas desse meio que contratam músicos cristãos para participarem de produção ou arranjos de seus discos. Esse é o caso do histórico grupo Roupa Nova, cuja influência é vista não apenas no fato de bandas cristãs se inspirarem no som que o conjunto carioca faz, mas também no envolvimento direto dos seus integrantes com artistas e discos premiadíssimos da música cristã, mediante produção, arranjos e gravação.

A princípio, é importante destacar as influências indiretas que o grupo exerceu em duas bandas cristãs, em especial: Novo Som e Ruama. Ambas possuem características próprias, mas é fácil perceber aspectos similares no que concerne à sonoridade, estilo musical e, especificamente, na condução dos vocais. Até falava-se antigamente que o Novo Som era a versão religiosa do Roupa Nova e isso ainda é muito comentado nas redes sociais. O próprio Alex Gonzaga, em entrevista concedida ao pastor Otoni de Paula Júnior, confirmou seu enorme apreço pelo Roupa Nova a quem se referiu como "talvez a banda mais perfeccionista da música popular brasileira". O que é mais curioso é que o filho do Cleberson Horsth, o Marcelo Horsth, foi guitarrista do Novo Som por pouco mais de 7 anos (2009-2017).

É perceptível a semelhança no back vocal dessas duas bandas cristãs e essa similaridade mostra-se mais forte nas canções do extinto grupo Ruama. Canções como “Caminhos da Paz”, “Uma Chance” e “Pra Sempre Quero te Amar” exibem arranjos maravilhosos que somados a um back vocal masculino de harmonia finíssima e a suavidade da voz do Hervê Santos são de provocar grandes emoções.

A contribuição direta do Roupa Nova se daria na metade década de 1990, em que o grupo deixa as suas impressões musicais indeléveis na nossa música e produz um álbum-boom! Sim, o disco que vamos falar a seguir foi um boom de vendas e sucesso que marcaria uma nova fase na música gospel.

O ano é de 1995 e o Brasil conhece o álbum “Sem Limites” da jovem cantora Aline Barros, à época com 19 anos. Nem é preciso falar do sucesso que esse disco fez até mesmo entre o público não evangélico, sendo campeão de vendas (mais de meio milhão de cópias) e tendo boa aceitação da crítica especializada! O que poucos evangélicos sabem é que esse disco foi todo produzido e arranjado por Ricardo Feghali - que também é evangélico -, Cleberson Horsth e o pai da Aline, pastor Ronaldo Barros, acompanhados dos demais músicos da banda que gravaram seus instrumentos e ainda fizeram o back vocal das canções (aquele back de “Família” é inconfundível). As gravações foram feitas nos stúdios do Nando (Midivirto Studio), Ricardo Feghali (Feghali Studio) e no Roupa Nova Studio por Marcos Saboia.
A parceria com o Roupa Nova foi tão bem sucedida (parceria que durou por mais de 10 anos) que levou a Aline gravar o seu segundo disco, novamente com os mesmos músicos, com exceção do Nando. O disco é "Voz do Coração", de 1998, que emplacou o seu maior sucesso: “Fico Feliz”, entoado em muitas igrejas, principalmente nos grupos infantis. Em seguida, já no ano 2000, Feghali e Cleberson produzem “O Poder do Teu Amor” que apresenta a volta do Nando no baixo. No entanto,
a faixa que dá título ao disco foi produzida e gravada nos Estados Unidos por Tom Brooks com músicos americanos. Em 2003, é lançado “Fruto de Amor”, que contou com a participação de PG e teve a regravação do clássico “Primeiro Amor”, inicialmente gravado pelo grupo Rebanhão. Já os próximos dois disco “Som de Adoradores” e “Caminho de Milagres”, gravados ao vivo não tiveram participação de nenhum dos músicos do Roupa Nova e foram produzidos por Kléber Lucas e Rogério Vieira, mas a parceria volta em 2011 com o premiado disco “Extraordinário Amor de Deus”, cujo destaque vai para o hit “Ressuscita-me”. Nesse disco somente o Paulinho não participou e este foi o último disco que o Feghali e Cleberson produziram, bem como os demais músicos do Roupa Nova.


Início dos anos 2000 e também o início de um novo conceito de música gospel que recebe uma sonoridade com influências europeias e principalmente americanas e diante desse cenário os integrantes do Roupa Nova agora ampliam seus trabalhos, produzindo e arranjando outros artistas que passaram a vender cifras altíssimas. Me refiro a Fernanda Brum e Kléber Lucas que iniciaram suas carreiras ainda nos anos 90, mas tornaram-se sucesso nacional a partir da primeira metade do ano 2000.
Os álbuns “Aos Pés da Cruz” (2001) e “Pra Valer a Pena” (2003) de Kleber Lucas, ambos com vendagens expressivas e canções de enorme sucesso são um dos mais bem sucedidos projetos do cantor que tiveram a produção e gravação de Ricardo Feghali e contou com a participação do Nando no baixo, Kiko nas guitarras e violões, Serginho Herval na bateria e Paulinho que participou do back vocal. O Cleberson Horsth não participou destes dois projetos e o Paulinho não participou deste último disco.


A cantora Fernanda Brum, que lançou o primeiro disco em 1993, só veio a ser conhecida em todo o território nacional a partir de 2002, a partir do disco “Quebrantado Coração”, que mistura pop e música cristã contemporânea fez enorme sucesso, com destaque para hits como “Amo o Senhor”, “Espírito Santo” e a faixa-título.  O projeto foi todo produzido por Emerson Pinheiro e teve a participação de Serginho Herval que fez bateria em algumas canções. O recém-lançado disco “O Som da Minha” foi produzido por Emerson Pinheiro, mas foi gravado no Oásis Music Video de Ricardo Feghali, algo comemorado pela cantora em suas redes sociais em razão de ser um dos mais modernos stúdios do Brasil e ainda mais sendo conduzido por um grande profissional que é o Feghali.

SERGINHO HERVAL

O baterista do Roupa é um caso mais específico ainda, pois, à semelhança do Ricardo Feghali, é evangélico desde a década de 90 e inclusive chegou a fazer um dueto com o extinto grupo Raízes ao gravar a música "Volta Logo", de 1997. Em 2017, criou um canal no YouTube para divulgação de um projeto paralelo que é a releitura de sucessos do grupo Hilsong. Confira mais detalhes clicando neste link:
Se você já apreciava o Roupa Nova como uma banda popular, agora você tem mais motivos para isso, pois com esse post mostramos que os músicos do grupo tem abençoado vidas, mesmo que suas intenções tenham sido talvez apenas comerciais, o que por si só não é errado. Esse fato também indica que Deus deu talentos a todos, indiscriminadamente e que evangélicos não são os únicos que os recebem!
É vantajoso para nós saber que a nossa música agora tem a mesma qualidade técnica que as de artistas populares e, conforme mostrei, é produzida pelas mesmas pessoas que produzem ou já produziram nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Fagner, Byafra ou Milton Nascimento, por exemplo. Oremos para que haja um avivamento lírico, pois o avivamento técnico nós já conseguimos!

- Por Aleckson Marcos

12 comentários:

  1. A única banda original em formação até hj e não é atoa que estão aí sempre nesse sucesso valeu pela participações no gospel.

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  2. A banda raízes tbem tem um estilo bem parecido com o roupa nova.

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  3. Muito bom o texto! Eu já tinha conhecimento do Roupa Nova no meio gospel e de suas produções refinadíssimas. Paz, mano Áleckson, abraço!

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    1. Grato, brother Paulo Henrique. Deus lhe abençoe.

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    2. Novo som !!! Conheço desde o início.
      Roupa nova é sem sombra de dúvida umas das melhores bandas do mundo.

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  4. Belíssima matéria Áleckson, aliás são incontáveis os arranjos para musica gospel fizeram, isso sem contar os trabalhos católicos também, como Pe Fábio de Melo Cantores de Deus e outros. agora só uma correção quanto a participação do Serginho Herval com a Banda Raízes. ele cantou na música "Estrelas" do disco "Há Luz" de 96. abração e que o Senhor continue o abençoando.

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  5. E detalhe são músicas sadias e não esse lixo que existe hoje que chamam de música.
    Parabéns Roupa nova que o Eterno os abençoe.

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  6. Correção básica. Cleberson hosth q é evangélico Ricardo feghale não .

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  7. Sou fã do Serginho herval ,o cara é fera ótimo cantor adorador e produtor.

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  8. A Paz do Senhor. Boa matéria mas só um adendo... O Serginho Herval participou sim de uma faixa do Grupo Raízes, mas foi a canção Estrelas, e não o Volta Logo. Abrsss

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  9. Eu sempre falei da qualidade dos discos acima citados, mas não imaginava que eram os nossos Beatles por trás de tudo. parabéns Roupa Nova, vocês são os melhores.

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